Confinamento reduziu emissões globais de CO² ao menor nível em 14 anos

Um estudo publicado pela revista inglesa “Nature Climate Change” confirmou uma acentuada queda nos índices globais de poluição do ar em consequência das políticas de confinamento adotadas para combater a Covid-19.

A média diária de emissões de gás carbônico (CO²) em 69 países caiu 17% no ponto máximo, no dia 7 de abril, em relação à média diária de 2019. Foi o nível mais baixo em 14 anos, desde 2006.

Os países pesquisados (inclusive o Brasil) representam 85% da população mundial e 97% das emissões de CO², um dos gases do efeito estufa. O estudo não incluiu outros agentes poluidores.

A “Nature Climate Change” é a versão específica sobre aquecimento global da “Nature”, uma da publicações científicas mais importantes do mundo, fundada em 1869.

A revista mediu as emissões de CO² entre 30 de dezembro de 2019, quando o coronavírus Covid-19 foi identificado pela primeira vez, e o final de abril de 2020.

A queda de 17% das emissões globais (no conjunto dos 69 países) foi menor do que a média da maiores reduções de cada país individualmente, que foi de -26%.

A revista explicou que essa diferença deve-se ao fato de que cada país atinge seu melhor resultado em datas diferentes da data da melhor média global (7 de abril).

CONFINAMENTO   

Os pesquisadores estimaram as emissões correlacionando três níveis de políticas de confinamento adotadas pelos países e medindo seus impactos na demanda de energia de seis atividades econômicas: geração de eletricidade, indústria, comércio e serviços públicos, transporte de superfície, aviação e consumo residencial.

O índice de confinamento (CI) agrupou as políticas adotadas pelos governos conforme o rigor das restrições. Exemplos:

Nível 1: fechamento de algumas fronteiras nacionais, restrições de viagens de longa distância, isolamento de doentes sintomáticos, auto-isolamento de viajantes, proibição de concentrações acima de 5 mil pessoas.

Nivel 2: fechamento de todas as fronteiras nacionais, fechamento obrigatório de escolas, universidades, centros culturais, igrejas, bares, restaurantes etc, proibição de concentrações acima de 100 pessoas.

Nível 3: confinamento obrigatório de todos os cidadãos em suas casas (lockdown), exceto trabalhadores em atividades essenciais, proibição de reuniões com mais de duas pessoas.

Os resultados positivos no período 1º de janeiro a 30 de abril não significam que eles persistirão ao longo de todo o ano. As emissões poderão voltar aos níveis próximos de 2019 com o fim das restrições.

A “Nature” não estudou as emissões de material particulado, óxidos de nitrogênio e outros gases tóxicos para a saúde humana.

Só mediu o CO², que, embora não seja em si um gás tóxico quando emitido no ambiente, é o principal fator para o aquecimento global.      

BRASIL 

O Brasil teve uma redução máxima de 25,2% em sua média diária de emissões de CO² (sempre em comparação com a média diária do ano de 2019). Atingiu seu melhor resultado provavelmente entre 17 e 18 de março.

O país começou a adotar as primeiras medidas de restrição (nível 1) no dia 14 de março, aumentando o rigor no dia 17 (nível 2). Nunca chegou ao nível 3.

A Organização Mundial da Saúde decretou pandemia global no dia 11 de março. 

Os -25,2% do Brasil foram inferiores aos -26% da média individual de cada país, e bem inferiores às médias de outros países de porte econômico semelhante.

Exemplos:

França: -34%
Espanha: -31,9%
Portugal: -31,9%
Estados Unidos: -31,6%
Reino Unido: -30,7%
Itália: -27,7%
Suécia: -27,6%
Argentina: -27,3%
Alemanha:-26,4%
Japão: -26,3%

A menor média dentre os 69 países foi do Turcomenistão (-4,5%), e a maior, de Luxemburgo (-44,6%). A China alcançou -23,9%; a Rússia, -23,2%.

 

 

 

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