As emissões de gás carbônico (CO²e) provocadas pelo transporte à base de combustíveis fósseis aumentaram 2% no Brasil em 2017, em relação a 2016.
Esse aumento foi na contramão da tendência de queda do volume total de emissões de gases do efeito estufa no país, que tiveram redução de 2,3% no mesmo período.
As informações são do sexto relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG-6), divulgado nesta quarta-feira (21/11), em São Paulo, pelo Observatório do Clima (íntegra).
Os números levaram o coordenador do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Alfredo Sirkis, a reafirmar que as metas nacionais de combate ao aquecimento global não devem se concentrar apenas na agropecuária e no desmatamento das florestas.
“Temos de começar também a reduzir os combustíveis fósseis no transporte e na indústria” – disse Sirkis, durante debate sobre o tema na Fundação Getúlio Vargas.
DIESEL E GASOLINA
Em 2017 o setor de transporte rodoviário emitiu 209 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO²e), o que significa pouco mais de 10% das emissões totais do Brasil, que chegaram a 2,070 bilhões de toneladas.
O aumento de 2% da participação do transporte nas emissões representou mais 4,8 milhões de toneladas de CO²e despejados na atmosfera (209 Mt em 2017, contra 204,2 Mt em 2016).
Essa elevação foi puxada principalmente pela gasolina automotiva (+2,6%) e pelo diesel (+1,9%). As emissões causadas pelo etanol caíram 0,2% no período.
O pesquisador Marcelo Cremer, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), um dos autores do relatório, destacou que as emissões causadas por automóveis foram três vezes superiores às dos ônibus.
Os 209 Mt de CO²e emitidos pelo setor de transporte no Brasil em 2017 estão distribuídos da seguinte forma, segundo o SEEG-6 (ver quadro abaixo):
-Caminhões: 84 Mt;
-Comerciais leves: 15 Mt;
-Embarcações: 3 Mt;
-Locomotivas: 3 Mt
Total transporte de carga: 105 Mt
-Automóveis: 67 Mt;
-Ônibus: 21 Mt;
-Aviação: 10 Mt;
-Motos: 6 Mt;
Total transporte de passageiros: 104 Mt
Total geral de transporte (carga+passageiros): 209 Mt (2017).
DEBATE
O SEEG é um das mais detalhadas bases de dados do mundo sobre emissões de gases do efeito estufa. Ele recobre informações sobre emissões no Brasil desde 1970 até 2017.
O sexto relatório, apresentado nesta quarta (21/11), foi produzido por uma equipe multidisciplinar, abrigada no Observatório do Clima, e formada por:
-Tasso Azevedo (SEEG/OC), coordenador geral;
-Marcelo Cremer (IEMA), Energia e Processos Industriais;
-Ane Alencar (IPAM), Mudança de Uso do Solo e Florestas;
-Iris Coluna (ICLEI), Tratamento de Resíduos;
-Ciniro Costa (Imaflora), Agropecuária.
Depois da apresentação, houve um debate sobre o futuro das políticas ambientais no Brasil.
Além de Alfredo Sirkis (FBMC), participaram os ex-ministros do Meio Ambiente Marina Silva e Sarney Filho e a atual presidente do Ibama, Sueli Araújo.
Em graus variados de pessimismo, todos foram unânimes em lamentar e condenar os “sinais” emitidos pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, indicando mudanças radicais nas políticas ambientais no próximo governo.
Deixe um comentário